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O processo terapêutico na psicoterapia psicodinâmica e psicoterapia cognitivocomportamental segundo o “Psychotherapy Process Q-sort (PQS)”: diferenças e semelhanças de ambas abordagens

2009
andreacoloa@gmail.com
Licenciada em Psicologia Aplicada - Àrea de Clínica. Mestre em Psicologia. Especialidade em Psicologia Clínica. Encontra-se actualmente a exercer funções de Psicóloga Clínica na APPACDM (delegação da Sertã), no Sindicato dos Professores da Zona Centro em

Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação de Maria Antónia Carreiras apresentada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada para obtenção de grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica

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O processo terapêutico na psicoterapia psicodinâmica e psicoterapia cognitivocomportamental segundo o “Psychotherapy Process Q-sort (PQS)”: diferenças e semelhanças de ambas abordagens

Este trabalho teve como principal objectivo a averiguação da existência de semelhanças e diferenças significativas no processo terapêutico, entre a psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a psicoterapia Psicodinâmica. A amostra deste estudo, recolhida segundo o modelo não-aleatório, constou de um método de amostragem por conveniência. Esta amostra foi constituída por psicoterapeutas que para além de leccionarem em estabelecimentos do Ensino Superior, também exercem psicoterapia de acordo com a sua abordagem teórica (cognitivo-comportamental ou psicodinâmica). A dimensão desta amostra foi de 10 sujeitos, 5 psicoterapeutas cognitivocomportamentais e 5 psicoterapeutas psicodinâmicos.  Com o intuito de descobrir quais as diferenças significativas e semelhanças destas duas abordagens, esta investigação consistiu na aplicação de uma metodologia Q-Sort. Este instrumento, o Psychotherapy Process Q-Sort (PQS) de Enrico Jones (1985), permitiu que todo o processo terapêutico fosse caracterizado, pela amostra já referida. O PQS é um instrumento que permite caracterizar as três dimensões inerentes ao processo terapêutico: i) atitudes do paciente, comportamento e experiência; ii) interacção da díade; e ainda, iii) atitudes e acções do psicoterapeuta. Numa primeira fase, foi pedido aos sujeitos, individualmente, que colocassem os 100 cartões constituintes do PQS, em três pilhas, do mais característico para o menos característico, caracterizando assim a sua prática clínica. A segunda fase, consistiu na colocação dos 100 cartões em sub-posições pelos mesmos sujeitos. Ou seja, os cartões que inicialmente tinham sido posicionados, foram recolocados numa escala de 1 a 9, fazendo uma nova triagem das pilhas anteriores. Em que 1 correspondeu a uma posição de Extremamente Atípico, e 9 Extremamente Típico. Assim sendo, tratou-se de um estudo exploratório de cariz descritivo. Num primeiro momento permitiu uma análise estatística, através do teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, para confirmar as diferenças significativas existentes entre as duas abordagens. Num segundo momento foi feita uma análise descritiva de comparação entre os resultados desta amostra e o estudo de Jones e Pulos (1993). Os psicoterapeutas envolvidos no estudo, procurando caracterizar a sua prática real de tratamento, tomaram posições claramente contraditórias (típico/atípico) em 54 cartões, dos 100 constituintes do PQS. No entanto apenas 27 deles foram considerados significativamente diferentes (p <0.5).  Os restantes 46 cartões foram considerados, em ambas as abordagens, como neutros no processo terapêutico em causa. Pela análise das médias encontradas nestes cartões, a nossa amostra não descarta que a maior parte destes cartões possam ser aspectos existentes na sua abordagem terapêutica; no entanto, não o são de uma forma tão característica quanto os outros 54 cartões, mais relevantes da prática definida pelas respectivas orientações teóricas. A segunda expectativa que se tinha neste estudo revelou-se, ou seja, as diferenças significativas encontradas no processo terapêutico, entre as duas abordagens consideradas neste estudo, referem-se mais a aspectos que têm a ver com as dimensões Paciente e Terapeuta, do que a aspectos da dimensão Interacção da Díade. Em relação à identificação dos resultados destes sujeitos com os protótipos construídos a partir do estudo de Jones e Pulos, pode dizer-se que, também foram corroboradas as expectativas iniciais. Isto é, não ocorreram identificações totais aos protótipos destes autores, correspondentes a cada uma das abordagens. Em suma, isto poderá significar, que as técnicas usadas, poderão estar dependentes do quadro teórico seguido por cada clínico, como também poderão ter a ver com as diferenças pessoais de cada psicoterapeuta.  

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