PUB


 

 

…Relações fundidas; anaclíticas; genitais… ou demais, até…

2019
pvpassos@gmail.com
Psicólogo clínico - Braga, Portugal

A- A A+
…Relações fundidas; anaclíticas; genitais… ou demais, até…

(Texto lido na Mesa de Abertura das VII Jornadas de Psicologia e Cuidados de Saúde Primários do distrito de Braga, realizadas em Vizela, nos dias 10 e 11 de Outubro de 2019)

 

Bom dia e bem-vindos à 7ª edição das Jornadas de Psicologia e Cuidados de Saúde Primários do Distrito de Braga, esta feita em Vizela, num paralelismo com a celebração do Dia Mundial da Saúde Mental, que hoje (10 de Outubro) se comemora.

Disforias, eutimias, euforias e demais interpretações de ânimos são o núcleo por onde navegarão os componentes e assuntos das 10 mesas integrantes destas Jornadas.

São angústias… as de fragmentação; as de perda de objecto; as de castração, e outras…!

São matrizes sintomáticas prenhes de produção delirante; de despersonalizações; de depressões; de ritualizações; de somatizações; de conversões… recheadas de ansiedades leves, moderadas, severas, rasgadas, paralisantes e destruturantes…!

São conflitos oriundos dos confrontos entre instâncias modulares do aparelho psíquico… surra-se um id com um exterior; esmurra-se um ego idealizado com um id ou com um exterior; esfaqueia-se um super-ego com um id… numa dança de dor e de desespero que não tem fim…! cristaliza… domesticadamente cristaliza em sangue… Rendição…!

São relações fundidas; anaclíticas; genitais… ou demais, até…!

São defesas e protecções que encobrem e integram organizações mentais… são denegações; são desdobramentos egóicos; são desdobramentos dos imagos; são recalcamentos…!

São tijolos que compõem os patamares das contruções das organizações das personalidades…!

São estruturas psicóticas… comandadas por um desenfreado id …

São astruturações (ou cenários limítrofes)… comandadas por egos idealizados, egos travestidos…!

São estruturações neuróticas… comandadas por super-egos… punitivos e castradores…!

São cernes de gentes, somos nós, em roupagens tão variadas e vadiadas quanto as infinitas ligações das representações mentais…!

São raízes mergulhadas nas profundezas das angústias, materializadas pelas ansiedades, depressões, desesperos e consequências… ambientais, comunitárias, laborais, familiares e individuais.

Disse em 2001, a OMS: “A depressão grave é actualmente a principal causa de incapacitação em todo o mundo e ocupa o 4º lugar entre as 10 principais causas de patologia, a nível mundial. Se estiverem correctas as projecções, caberá à depressão, nos próximos 20 anos, a dúbia distinção de ser a 2ª das principais causas de doenças no mundo (…) Um milhão de pessoas cometem anualmente suicídio. Entre 10 e 20 milhões tentam suicidar-se.”

2020… aguarda por novo relatório e pelo balanço…!

São sentimentos e linguagens…

… internas; corporalizadas e externalizadas…

… actualizadas e desactualizadas…

… elaboradas, por elaborar e sem alternativa…!

São linguagens, indecifráveis e algumas decifráveis, expelidas, entendíveis oriundas do seio da dor gritante por alívio, sem resignação, por direito… ainda!!!

Grita alma… grita e sufoca o teu silêncio…!

Pranta-te e não te resignes…!

Insegurança…! Nós nos nossos deveres. Não estamos seguros, parceiros e colegas. Não há segurança enquanto não for sanada a angústia de se estar desalojado e enfeitado por outrem. O desespero não se compadece com um tecto emprestado ou com a caridade das múltiplas versões da nova roupagem do Movimento Nacional Feminino…! Seguros estaríamos sem a força da necessidade (imperiosa) de protagonização, que invade as aptidões para os farsantes manifestos do partidarismo político e institucional, num fétido aproveitamento que produz resignação. Não estamos seguros. Vivemos penhorados na pálida segurança da inconsciência e da mansidão, num sítio onde um furação é um ursinho de peluche comparado com a corrupção, o obscurantismo e o interesseirismo.

Porque “Uma gralha vestida de pavão, não é reconhecida nem pelas gralhas nem pelos pavões” (Esopo, 620 – 564 a.C.) debitem-se os intentos de rigor, que se manifestem as lógicas (as aristotélicas e as outras), plasmadas na consciência e no justo da igualdade. Que se libertem os direitos e que nos movimentemos (incessante e empenhadamente) na rota da criação de mais-valias institucionais: implementação de Unidades de Psicologia nos ACES (para bem servir) autónomas e alheias às idiossincrasias paralisantes e tóxicas de gentes ricas em dissonâncias (cognitivas, afectivas, relacionais e com nefasto impacto institucional), bem como de modelos cegamente adoptados, desajustados, imponderados e injectados (para com a edição e operatividade da Psicologia nos Cuidados de Saúde Primários - CSP), tal como outra qualquer Unidade Funcional de lógica organizativa e funcional.

Um alento é devido a todos os psicólogos/as (tatuados no quadro da dignidade laboral) que abraçaram as lides da Psicologia no âmbito dos CSP, enobrecendo práticas e postulados, sem os quais a pré-história da Saúde Mental, nesses mesmos CSP, era ainda a actualidade.

São Jornadas, estas VII em Vizela, Jornadas de sentir e de interpretar o sentir (distímico, eutímico, eufórico e demais) de nós, de ti e de mim.

Grato pela generosidade da escuta e alento.